domingo, 13 de junho de 2010

Desabafo: soltando as amarras, libertando os laços!

Óbvio que eu uso meu blog como fonte de desabafo e é isso que eu vou fazer agora: desabafar. Eu estou me libertando de algo forte na minha vida, algo que há anos me faz sofrer muito, algo que claro, assim como me fez sofrer, me fez aprender muito também. Uma situação carmática, forte e inevitável. Eu sou uma pessoa muito apegada a família, sou sensível tanto no sentido de sentir as pessoas, como no sentido de me magoar com facilidade e eu sou filha de pais que são muito diferentes de mim. Na minha adolescência e infância isso já era muito evidente, mas com a morte das minhas duas avós é que a coisa pegou fogo e tomou forma. Uma forma dolorosa para mim. Minhas avós eram quem me entendiam mais que ninguém na família, eram elas que me ensinavam, me adoçavam, me falavam e me escutavam e quando elas se foram a sensação que tive foi a de ficar órfã, com a diferença de que eu tenho mãe, pai e irmã bem vivinhos da silva. Claro que eu não posso ser ingrata e dizer que meus pais só me trouxeram sofrimento, porque isso seria infantil e leviano da minha parte, mas conviver com eles não é a tarefa mais fácil que já desempenhei nessa vida, pelo contrário. Meu pai não trabalha há mais de 15 anos, não sustenta nenhum dos 4 filhos que ele tem, na minha adolescência ele virou adolescente comigo, já perdeu quase todos os bens que conquistou na vida, vira e mexe sempre se arranja uma amante para elevar sua auto-estima e na verdade é sempre a mesma amante, diga-se de passagem, ele joga lixo na rua sem nem se importar, diz que não precisa ler livros porque a televisão é a maior fonte de informações, a palavra dele não vale, geralmente ele não faz o que fala, não bebe água somente refrigerante e ao invés de batalhar todos os dias para realizar seus sonhos, pensa muito em como fazer para se dar bem sem muito esforço. Preciso dizer muito mais que isso? Ele não é a criatura mais abominável que eu já conheci na vida, aliás, nem sei se eu perderia meu tempo classificando alguém assim, mas meu pai físico nesta vida não tem nem metade dos valores que eu tenho e é com muita dor que eu digo que não consegui ensinar quase nada a ele. Também porque claro que ele não tem humildade para admitir que precisa aprender e que poderia aprender comigo, óbvio. E minha mãe por outro lado é uma mulher amarga, fria, que nunca conseguiu criar um elo familiar entre as filhas que ela teve e ela própria. Aliás, ela insconscientemente promove um distanciamento nítido entre eu e minha irmã. Qual a razão? Talvez nem ela saiba disso de forma clara e objetiva... Eu falando assim parece bobagem de uma menina mimada com ciuminho da irmã, mas se eu relatar tudo o que já aconteceu para comprovar que falo conscientemente sobre o assunto e não porque sou uma "menina" mimada sem total atenção, eu poderia escrever uma bíblia e acho irrelevante remoer esses pormenores. Não vai mais fazer diferença! A realidade é que existe uma super protenção para com uma das filhas e uma falta de zelo total para com outra, uma rejeição nítida. Eu represento a rejeição que minha mãe sofreu na juventude, quando aos 18 anos ela ficou grávida de mim e achava que tava casando com o príncipe encantado do meu pai. Em Caxias do Sul, final do anos 70 e uma menina grávida na escola, parece que houve rejeição real das amigas de escola porque minha mãe se encontrou grávida tão jovem e sem estar casada e passados os anos com o meu pai, além de tudo, caiu a ficha dela de que ele não era encantado e muito menos príncipe... Apesar de que eu as vezes tenho minhas dúvidas se ela realmente se deu conta que existem homens beeeeeeeeeeemmmmmmmmm diferentes do meu pai no mundo, porque minha mãe obviamente nunca mais se casou, namorou, ou se entregou para um affair. E assim, hoje em dia, ela me rejeita. Ela rejeita minha inteligência, minha ousadia, minha independência, meus conhecimentos, meu carinho e leva minha irmã junto nesse barco de rejeições e desprezos. Infelizmente, mamãe nem sabe muito bem o que significa carinho, porque até o afeto mais doce que ela recebeu da minha avó, até hoje não é bem aceito dentro dela. Traumas... por ter perdido o pai aos 12 anos, por nunca ter aprendido a andar de bicicleta, por não aprender a dirigir, por ter tido um casamento que não deu certo, por ter sido "abandonada" por uma das filhas que foi para Londres. Traumas... Eu acredito que traumas existem para serem superados, minha mãe os vê como coisas estáticas em nossas vidas e assim fica comprovada nossa distância gigantesca de perspectiva de vida. Eu por muitos anos tenho sofrido por falta de carinho e atenção dos meus pais, mas eu declaro minha liberdade em relação à esse trauma. A vida coloca tantas pessoas maravilhosas em meu caminho, eu devo dar muito valor à isso. Eu sou forte, bonita, saudável, inteligente, brava e preciso aprender a agradecer ao carinho que recebo fora do núcleo familiar o qual nasci. Há alguns anos já, alguns familiares próximos me dizem que é essa postura que eu devo tomar para não sofrer tanto e até que um dia consegui entender exatamente o que eles tanto queriam me dizer. Eu vou formar minha própria família! Eu vou poder dar meu carinho e passar meus valores para outras pessoas, isso é a roda da vida. Eu não preciso sofrer mais com essa rejeição, com esse desleixo. Eu busco, conheço e vivo coisas tão diferentes deles desde muito nova e sou feliz com a pessoa que sou. Sou feliz com as experiências que acumulei, com as dificuldades que me fizeram amansar minha rebeldia, sou feliz com o pulso forte que adquiri. E assim vou desenlaçando essas amarras que me assombram a felicidade. E livre vou rumo ao meu caminho mais encantado, ao meu presente mais grandioso que é a vida!
Sou grata pela vida que tenho e aceito de peito aberto minha redenção. Amém!

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