Eu, que serei aquela vovózinha com muitas histórias de vida para contar para seus netinhos, tenho uma história sobre a falta de amor próprio, sobre a vaidade, sobre a fraqueza humana e vou contá-la agora pra vocês... É uma das histórias mais longas, que o aprendizado foi um dos maiores de todos e ainda daria um roteiro de filme à la Tarantino e é a história que mais me ensinou sobre a frivolidade humana. Quando eu era pequena lá em Barbacena, eu tinha uns 16-17 anos, eu me apaixonei perdidamente. Um cara com seus 22 anos, lindo, verdadeiro, macio, divertido, com um sorriso encantador, que podia encher uma sala inteirinha com sua alegria e a mulherada caía de boca em cima dele. Nossa, passei a maior dificuldade com o bonitão aí... (rs) E eu que achava que isso seria a grande dificuldade nessa relação... Mas tentando ser mais objetiva para chegar no ponto da decadência moral de um ser humano, um dia a "chefe" dele o chamou para uma conversa. Ele trabalhava num renomado estabelecimento noturno do estado, com expansão para o estado vizinho, que na verdade era a maior fábrica de ilusões que eu já conheci em toda a minha vida (com concordância de todas as pessoas que viveram o auge destes estabelecimentos de grande diversão e drogadição, aposto 5 milhões de barris de petróleo nessa!). E é claro, que a "chefe" dele era e ainda o é de uma família muito requintada, conhecida, com um nome importantíssimo a zelar. Sabe essas famílias glamourosas que vivem com muito dinheiro, nos lugares mais interessantes, rodeadas de pessoas inatingíveis, que têm acesso às informações mais de última hora, onde os sorrisos nunca saem de suas bocas? Uma família burguesa com um nome a zelar, volto a afirmar. Na verdade, na verdade a mulher que chamou o rapaz para conversar, não era bem a dona do estabelecimento. Quem era o dono mesmo era seu marido, mas estavam todos em família e como obviamente era uma família muito unida, ela pôde tomar a frente nessa questão de extrema importância. E o rapaz foi conversar. A mulher foi categórica:
- "Querido, obrigada por ter vindo. Vou direto ao ponto para não ter rodeios. Minha filha de 14 anos está apaixonadíssima por ti. Sim, ela quer viver o sonho do príncipe encantado. E como eu sou uma mãe muito cuidadosa com os sonhos dos meus filhos e como eu sei que tu vens de uma família muito, como posso dizer, sem posses e ainda que tu tens uma filha de 2 anos para criar, eu quero te propor um negócio! Isso, um negócio! Você começa a namorar a minha filha, você vai ser o braço direito do meu marido nos negócios dele, afinal você será o "futuro genro" e eu fico nua inteirinha pra ti, pra você me comer de cima abaixo. Topas?"
E o rapaz de família, como posso dizer... de família humilde, aceitou a proposta. E a partir daí, tudo foi morro abaixo. Eu e ele terminamos o namoro, mas ele nunca deixou uma única semana de me procurar, mas enfim, essa história não tem a ver com nossa história de amor. Essa é uma história sobre a cegueira humana, então vamos voltar ao que interessa. O rapaz viveu muitas orgias, tomou conta de todos os negócios da família (os lícitos e os ilícitos principalmente), o rapaz fugiu da valsa de 15 anos da "namorada", a filhinha da patroa, o rapaz aprendeu a usar drogas, ganhou uma moto, alugou um apartamento no centro da cidade, teve dinheiro para pagar a escolinha da filha e o rapaz fodeu muito a sua "patroa" ou seria sogra? Ou seria a mulher que se apaixonou perdidamente por ele e não podia largar o sobrenome por nada nesse mundo? Ou seria alguma outra coisa que minha sã cabecinha não pode nem imaginar????? Não sei, fico confusa em como me expressar... Mas sabemos que a partir daquele momento ele também era um rapaz influente na cidade. Ele fazia parte dessa família aristocrática, que saia na Caras, com muito poder, muita beleza, uma perfeição na Terra, havia muita felicidade entre todos, muita harmonia, muito amor e claro, porque não uma plástica ou duas a cada seis meses para ter a doce sensação de que nunca vamos envelhecer, hã? Chegando mais próximo do ponto onde eu quero chegar, a "namorada" e filha traída era a única que não sabia do envolvimento sexual da mãe com o "príncipe encantado". Num certo dia a empregada da casa resolveu abrir os olhos da menina e disse para ela procurar por algo no apartamento dele, porque a mãe da menina acabava cuidando mais do rapaz, do que a própria mãe do rapaz em si e com certeza a menina encontraria alguma coisa por lá. E a menina foi ao apartamento dele e lá encontrou uma fita VHS (quando eu era pequena lá em Barbacena). Curiosa para ver o conteúdo da fita, ligou a TV, o videocassete e viu a mãe gemendo e gritando, se olhando no espelho para ver se alguma ruga aparecia no ato de cópula e com cara de quem comeu um limão azedo e não gostou estava o "príncipe" a fornicar a mamãezinha dela. Tah, a cara de limão azedo fui eu quem inventei agora, mas o resto da história é a mais pura verdade. E depois de três anos de muita mentira, depois de três anos os quais o rapaz perdeu o brilho no olhar, depois de deixar o cabelo crescer e conseguir ficar feio, depois de emagrecer quilos e quilos, depois de enganar a si próprio, a pobre menina rica e o mais importante, sua própria moral, ele consumou o ato que há três anos ele planejava: se enforcou em uma das sedes do glorioso estabelecimento noturno.
10 anos depois...
Euzinha, a vovózinha com muita história para contar, fui visitar, numa ensolarada tarde de sábado, minha ex-sogra e minha ex-sempre enteada. Nossa, a filha do meu ex-namorado tah linda! Está fazendo de 14 para 15 anos, como diria Nelson Rodrigues, e é uma menina de ouro, forte, bonita, inteligente e fã do NX Zero (rs). Mas, o que me leva a colocar toda essa história no meu blog foi o que a minha ex-sogra me contou. Me caiu os butiá dos bolsos e eu resolvi expor isso na net para tentar salvar almas do desvanecimento. E voltando à "grande família" que faz parte dessa história, lembram daquelas pessoas felizes, com um sobrenome a zelar, que sempre sai na Caras e que além de ter sujado o nome dos integrantes da própria família, dentro da própria casa, e que já humilharam muitas pessoas cidade à fora usando o chavão mais barato que há por aí: "Tu sabe com quem que tu tah falando?" (eles estavam se referindo ao grande nome que eles zelam, só para constar!), lembram? Sei também que a mulher da nossa história já demitiu muitas pessoas, muitas pessoas que se "meteram" no caminho dela, sabe aquelas coisas? Sei que a mulher também tentou me humilhar quando eu tinha apenas 18 anos e ela quase 50, só porque eu não tinha um sobrenome a zelar e a família dela tinha (covardia ou falta de café no bule??? porque claro que quem se saiu por cima da tal conversa fui eu, com apenas 18 anos!!!!), mas enfim, continuo a citar fatos, e acredito que só o que a mulher aprontou, armou e manipulou para que a própria filha vivesse o sonho do príncipe encantado, acho que só essa basta, mas infelizmente não pára por aí. Essa mulher glamourosa, que faz parte dessa família de muito poder e posses, não tem como assegurar a alimentação de uma família de 4 filhos. Os dois filhos mais velhos, adultos há muito tempo, não conseguem nem olhar na cara da mãe e as duas meninas mais novas cresceram com essa história no lombo. Descobri nesse lindo dia de sol, de reencontros de muita felicidade, que o rapaz de família "pobre" foi quem muitas vezes colocou janta na mesa dessa família. Fiquei sabendo que passado de dois a três meses da temporada de verão nas grandes casas noturnas que a família administrava, que eles gastavam o que tinham e o que não podiam em frivolidades e que ficavam sem R$ 5,00 para comprar pão e leite na padaria. Eu me pergunto, por onde andava o pai dessa família? Ou anda... Será que ele tava fazendo plástica também e não pôde participar de tudo isso porque estava no pós-cirurgia? O rapaz desse thriler teve que pagar pela moto que "ganhou", teve que pagar os 6 meses de aluguel atrasado do apartamento onde morava, teve que pedir para a própria mãe, que sempre foi sem um nome a zelar, para que ela pudesse pagar o cheese burger de toda a família imperial na lanchonete, noites e noites a fio. Mas dinheiro para fazer uma plástica e aparecer na Caras, isso sempre se dá um jeitinho, neh?! Ou será que todo mundo tem mesmo um preço???? Eu só digo que pela bênção de Deus eu não preciso ter esse nome a zelar, eu zelo mesmo é pela minha dignidade e pelo carinho que as pessoas guardam por mim. E posso dizer que as pessoas guardam sim muito carinho por mim, por onde eu passo eu conquisto amigos, sorrisos e veracidade de muitas alminhas do bem que cruzam minha doce vidinha. Então: foda-se a porcaria da Caras, foda-se o carrão, foda-se o status, foda-se a marca da roupa, foda-se! Que que adianta tudo isso, se o coração está vazio?
E viva o vai-e-vem da vida! Com sua sincronicidade perfeita e sua verdade poderosa, viva!!!!!