sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Utopia ou simplicidade?

Não sei se é um sonho ou se são lembranças de um outro tempo, só sei que eu estava acostumada a acordar ao som de uma orquestra de pássaros. Pássaros de Bach, Vivaldi, Strauss e até mesmo Villa Lobos. Mas aqui acordamos de forma diferente... Os barulhos urbanos são desarmoniosos, em grande quantidade e incomodam sutilmente os pensamentos. A água caindo nas pedras, as folhas das árvores movendo com o vento, os pássaros num uníssono ensaiado, alguns insetos, outros animais se juntam, as flautas dos anjos, o pólem do amor se espalhando e o próprio barulho do vento a levar a paz eterna são bem mais sutis e bem menos irritantes que o som dos inventos humanos. As galinhas acordam ao nascer do sol, e concordo que seu cocoricar pode atrapalhar o sono daqueles que não estão sincronizados com este relógio natural , mas veja bem, em centros urbanos , seja esse centro muito grande, médio ou até mesmo pequeno, os caminhões, ônibus de transporte público, metrôs, carros e motos com suas surdinas estouradas acordam bem antes que as galinhas. isso quando ainda nem foram dormir. Tudo bem, ninguém está aqui para julgar horários e costumes, só me indago pois vejo muitos inventos de pouca utilidade e muito ruído por aí. Carro a gasolina, álcool ou até a gás... Pra quê? Existe um lugar onde as "pessoas" pensam nas outras e se teletransportam para tomar café da manhã com um amigo ou familiar que há tempos não visita. E ainda, em pesamento você leva o pão de ló fresquinho para o café, o pãozinho saído do forno e alguns pássaros ainda o acompanham para deixar o clima do café um tanto quanto bucólico. Utopia? Não! São lembranças... Ninguém acorda com a buzina de algum ser já muito nervoso com o trânsito ou com a própria vida às 6:35 da matina (há quem consiga ser tão nervoso nesse horário, acredite!) ou com o estremecer de um caminhão que passa pela avenida da cidade nesse mesmo horário. Ninguém de onde eu venho acorda assim. E esse grunhido de alerta quando um ônibus, caminhão ou qualquer similar está dando uma ré? Qual foi a mente estressada que inventou isso? Não seria mais prazeroso que um lindo arco-íris envolvesse o meio de transporte em questão para que todos soubessem quem este está dando marcha ré? Mas posso ir mais além ainda, questionando a falta de criatividade e a falta de confiança dos humanos em inventar objetos gigantes de ferro, metal, plástico para poder se locomover. Não somos poderosos o bastante para transportar o peso do nosso próprio corpo sem ter que inventar mil aparatos para realizar tal tarefa? Utopia ou simplicidade? As cigarras poderiam cantar em paz e a gente poderia escutar suas canções a cada dia. Os ventos poderiam soprar e poderiam acalmar nossos pensamentos sem nenhum impecilho. O sol poderia nos energizar sem que isso pudesse tornar-se nocivo a nossa pele. E por fim, os belos e inúmeros pássaros poderiam saudar cada novo dia cantando uma canção bem suave em bocca chiusa e enquanto isso você poderia colher flores e frutos para pôr a mesa, pois aquele convidado especial de todos os dias estaria logo, logo chegando e assim que o sol for tomando força, os pássaros reunem-se com outros parceiros da natureza e no momento exato da sua refeição com seu irmão especial, a sinfonia já estaria harmoniosa e completa. Bem melhor do que acordar com buzinas, televisões e noticiários de assassinatos, sem contar as freadas, as paradas dos caminhões a cada sinaleira e as estremecidas da sua cama por conta dos inventos urbanos, não?
Viva a utopia e a simplicidade dos sons da natureza!

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